02/04/2009

Ninja Turtles I

Quando terminei o post de "Notícias" sobre os Masters of the Universe tinha chegado ao fim da década de 80 e sugeri o que se passou na de 90.

Ainda em 89 começou a ganhar forma a "saga" de encarar a compra de certo tipo de brinquedos, na sua maioria Action Figures de desenhos animados, como uma colecção, por isso a compra de um ou outro personagem apenas por comprar, não fazia para nós sentido, era preferível concentrar esforços para ter o máximo de figuras de uma marca ou que fizessem sentido para a nossa brincadeira e assim ter os personagens que gostávamos realmente e poder repetir o que víamos na televisão.

Mas como crianças que éramos, só pensávamos no que gostaríamos de ter, não no que teríamos que fazer para o obter.
O dinheiro era o factor que faltava ter em conta... ou melhor, o custo.
Pior, o tempo também era um factor, pois não sabíamos durante quanto tempo os bonecos pretendidos estariam à venda nas lojas...

O preço desse tipo de brinquedos era relativamente elevado, pois era equivalente ao pago por uma hora de trabalho na altura (e também nos dias de hoje o que é frustrante).

Para um adulto poderia ser pouco, pois se quisessem ter quatro figuras, com uma manhã de trabalho era possível, mas para crianças que não vê rendimentos, do seu trabalho árduo a ser criança, uma manhã de escola não chegava, era preciso um ano inteiro de bom comportamento para no Natal receber uma prenda que custava a um adulto uma hora de bom comportamento...

Bom, não é bem assim... mas do ponto de vista de uma criança, inteligente, como nós éramos, com aquele tipo de inteligência de quem sabe pouco mas acha que sabe muito, porque não sabe que há mais para saber... aquilo parecia injusto.

Decidimos valorizar o nosso trabalho (na altura foi ideia minha, o meu irmão ainda só tinha 4 anos), ou seja, preparámos um bom argumento para apresentar aos familiares e pedir que:
  • nos dessem mais presentes em dinheiro,
  • que esse valor não fosse inferior ao preço de meio boneco,
(na realidade o mínimo tolerado eram 500$00 (escudos), menos que isso fazíamos cara de "só? mas que mal é que fiz? portei-me tão bem!!!") e por fim;
  • que o pudéssemos gastar no que queríamos.


O argumento era: Tivemos excelentes notas na escola, somos muito bem comportados (e era verdade) e estamos a juntar dinheiro para comprar "o que fosse", por isso em vez de "amêndoas, doces, brinquedos, prendas em geral - mas adaptado à ocasião", pode ajudar-nos dando a prenda em dinheiro?

Funcionava... e acabavam sempre por dar mais valor em dinheiro do que estávamos à espera.
Foi assim que consegui juntar parte do valor para comprar uma bicicleta BMX... muito fixe!

Bom, mas é importante referir que não existia nesta atitude qualquer intenção "maldosa", até era encorajada pela minha avó e pela minha mãe, pois estávamos a lutar pelo que queríamos, a fazer valer o nosso esforço na escola e em casa, ainda a aprender a juntar e poupar dinheiro, para um objectivo. E além disso, assim não recebíamos prendas indesejadas (roupa, jogos chatos, bolas, aquelas coisas que se dão aos putos...).

(Continua)
Ninja Turtles II